Além da Gestão: O Papel do Criador de Produtos

Rafael Vieira
4 min readFeb 23, 2024

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Indagações de sexta-feira pela manhã.

Na vida agitada da tecnologia e dos negócios, o papel do Gerente de Produtos (GP) é frequentemente celebrado como o epicentro da inovação e estratégia. Em grandes empresas, os GPs deveriam ser vitais na orientação do produto através do seu ciclo de vida, equilibrando as necessidades do mercado, expectativas de clientes internos e limitações técnicas.

Essa pessoa não cria sozinha. Engenharia, Design e clientes são essenciais nesse contexto. Mas os GPs deveriam ser maestros, conduzindo o produto através de inúmeras iterações com um olhar atento para as tendências de mercado e feedback do cliente.

Entretanto, como já bem sabia Joseph Climber, a vida é uma caixinha de surpresas e, em muitos casos, os GPs se veem presos na melhoria de recursos já existentes, na tentativa contínua e desgastante de encontrar aquela mudancinha que vai fazer a roda girar. Ao invés de inovar ou criar algo novo, o GP se vê preso a um backlog sem fim de pequenas alterações.

Essa realidade pode ser um pouco desanimadora para aqueles que entram no campo da gestão de produtos com o sonho de construir e inovar, apenas para descobrir que seu papel se concentra mais em gerenciar do que em criar.

Um novo caminho (ou não tão novo assim)

Aqui me pergunto se não deveria haver uma outra figura chave: o Criador de Produto. Muito comum em startups (os próprios empreendedores) mas não tão comuns em grandes empresas.

Essa pessoa é a fazedora prática, daquelas que realmente constroem e dão vida às novas ideias, de cabo a rabo, fazendo de tudo para aquilo acontecer. E elas vem de todos os lados e todas as disciplinas.

Abaixo, tentei tangibilizar essa ideia com uma comparação inicial entre as duas funções, GP e CP:

E o processo de descoberta?

Mas todo o processo de descoberta não seria exatamente para isso? Ajudar a encontrar oportunidades inovadoras dentro do processo de gestão de produtos?

Na realidade, o propósito central do processo de discovery vai além. Seu objetivo principal é identificar e compreender as necessidades e desafios enfrentados pelos usuários ou clientes.

A partir dessa compreensão, o processo busca colher informações valiosas que servirão como alicerce para aprimorar ou desenvolver produtos. Essa abordagem não é apenas sobre encontrar oportunidades para inovação, mas também sobre entender as nuances dos problemas dos usuários,

Para a pessoa Gerente de Produto, o processo de descoberta (ou discovery) é mais estruturado e orientado por dados. Enquanto eles também buscam inovação, seu foco tende a ser na melhoria e evolução de produtos ou serviços existentes. O Gerente de Produto utiliza o discovery para entender melhor as necessidades e desejos dos usuários atuais, analisar tendências de mercado, e identificar áreas para melhorias incrementais ou otimizações. Este processo envolve coleta de dados, análise de feedback dos usuários, estudos de mercado e testes de usabilidade. O objetivo é tomar decisões informadas que possam aprimorar o produto de maneira eficaz e alinhada às expectativas do mercado e dos stakeholders.

Já para a pessoa Criadora de Produto, o processo de discovery é muitas vezes centrado na exploração de territórios inovadores e não mapeados. Aqui, a foco está na identificação de oportunidades completamente novas ou na resolução de problemas ainda não atendidos pelo mercado. Este processo é tipicamente caracterizado por uma abordagem mais intuitiva e experimental, onde ideias criativas e soluções disruptivas são exploradas. O Criador de Produto se envolve profundamente na pesquisa de usuários, na experimentação e na prototipagem rápida para validar ideias e conceitos inovadores. O risco e a incerteza são elementos comuns nesta fase, já que o Criador de Produto está muitas vezes navegando em águas desconhecidas em busca de inovação genuína.

Enquanto os Gerentes de Produto se concentram na gestão estratégica, os Criadores de Produto mergulham no processo de criação e desenvolvimento real. São a ponte entre a ideia e sua materialização, trazendo uma nova dimensão ao campo da gestão de produtos.

Seria a pessoa criadora de produto a resposta para aqueles que anseiam por uma experiência mais tangível de criação? O que você acha?

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